Padre Bantu Mendonça 20/11/2011
Mateus 25, 31-46.
Do Evangelho de hoje podemos deduzir que o Filho do Homem se declara Rei e Juiz de todas as nações. É a glória devida a Seu triunfo sobre a cruz, pois Ele é o poder de Deus e a Sua sabedoria (cf. I Cor 1,24).
Cristo, o Jesus ressuscitado vindo com poder e grande glória (cf. Lc 21,27), assume as funções do verdadeiro Deus: Sua sentença é definitiva e eterna, como o fogo eterno preparado pelo Pai aos anjos rebeldes. Ele está rodeado de todos os seus anjos o qual indica ser superior a eles (cf. Hb 1,3-4), embora – segundo o que sabemos pelos padrões da época – o homem era inferior aos anjos (cf. Hb 2,7).
Trata-se de um “Juízo Final” ou do início de uma era histórica após a destruição de Jerusalém? No primeiro caso, Jesus – o Filho do Homem – será o juiz definitivo como vemos no segundo parágrafo. No segundo caso, indica quais estarão a formar parte do novo reino entre os gentios. Os escolhidos serão os misericordiosos que alcançarão misericórdia (cf. Mt 5,7), ou seja, os que agiram com compaixão para com os mais necessitados.
A condenação não será por atos de perversidade, mas sim de omissão. Talvez porque os primeiros atos [de perversidade] já estavam incluídos na mentalidade antiga. Os segundos [de omissão] eram o grande pecado e ainda são dos batizados chamados discípulos de Cristo. Por outra parte, o Evangelho de hoje serve para responder à pergunta: “Como poderão salvar-se os que não conhecem Jesus ou consideram verdadeira a sua própria religião?” Obviamente a fé será substituída pelas obras de misericórdia, necessárias também entre os cristãos porque a fé, “se não se traduz em ações, por si só está morta” (cf. Tg 2,17) e Paulo afirma que a fé que tem valor é a que atua mediante o amor.
Sobre o fogo preparado para o diabo e os seus anjos, devemos comentar que na época de Jesus não se esperava que o diabo estivesse no inferno, porque sabemos pelas palavras do próprio Jesus que viu “Satanás cair do céu como um relâmpago” (cf. Lc 10,18). Portanto, o inferno não era sua morada, mas o fogo ou lago de fogo será o destino definitivo do diabo (cf. Ap 20,10) ao qual será lançado quem não for escrito no livro da vida (cf. Ap 20,15). Talvez isso explique a influência do maligno em nossa história.
O Rei, que é ao mesmo tempo Juiz, também é o Bom Pastor que sabe separar as ovelhas. Porque está escrito: “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com Ele, então se assentará no trono de sua glória, e todas as nações serão reunidas em sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas. E Ele porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda”.
Jesus é o Bom Pastor. Assim o conhecemos pelas histórias dos evangelistas. Pense no Evangelho de João, capítulo 10: “Eu sou o Bom Pastor”, diz Jesus. E assim nós O vemos trabalhando: sempre com muitas pessoas ao Seu redor.
“Um rebanho que não tem Pastor”, assim Jesus chamou – num certo momento – as pessoas que O encontraram. E Ele ficou em pé e os curou, porque Ele é o Bom Pastor.
O Senhor tem misericórdia, porque o povo de Israel são as ovelhas d’Ele. Mas ninguém cuida delas. Elas são vítimas daquelas pessoas que são como “os leões e os lobos”. Por isso o Senhor ajuda, e o profeta Ezequiel mostra isso (1ª leitura). O Senhor mesmo vai guardar as ovelhas. Primeiramente, Ele as congregará e depois procurará um bom lugar para elas. Ele buscará as perdidas e tornará a trazer as desgarradas. As ovelhas quebradas ligará e as enfermas fortalecerá.
Apesar disso, há um outro perigo para as ovelhas. Não só pastores maus, mas há também outras ovelhas que ameaçam o bem-estar do rebanho. O Bom Pastor deve interceder. E Ele faz isso com as Suas mãos e com o Seu cajado. E o Senhor fala quando está intercedendo. Podemos ver isso com pessoas que sempre vivem com animais, assim o fazendeiro fala com os seus bichos de criação e as crianças falam também com o seu gato, cachorro ou outro bicho de estimação. Então, da mesma maneira, Ezequiel apresenta o Senhor como um pastor que está falando com as ovelhas.
Jesus diz: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos”. No lugar desta palavra servir, o nosso Senhor, originalmente, usou a palavra “diakonein”. É uma palavra estranha, grega. Mas não tão estranha. Ele queria dizer que chegou para ser diácono, servidor. E assim nós O vemos trabalhando. Ele deu muito aos outros. Paz, saúde, até a própria vida. Ele deu a vida em resgate de muitos. Cristo foi o melhor exemplo para todos os diáconos, que estão trabalhando agora.
O maior Diácono, que este mundo conheceu, vivia assim e está esperando a mesma coisa dos Seus discípulos. Por isso, Ele nos avisa prematuramente. E, por esse motivo, os apóstolos estavam praticando isso logo após o dia de Pentecostes, porque todos os que acreditavam vendiam suas propriedades e bens e os repartiam entre todos, segundo a necessidade de cada um.
E no momento que este trabalho era demais para eles, não desistiram, dizendo: “É demais, então deixa! Pregar e ensinar são muito mais importantes do que este trabalho”. Os apóstolos não disseram isso, mas logo escolheram sete diáconos que ajudavam e coordenavam o serviço na comunidade, estimulando os membros da Igreja primitiva no serviço aos irmãos.
É muito importante que toda a Igreja seja diaconal. Não só os diáconos. Quando Cristo chegar, Ele não convidará apenas os diáconos para entrar no Reino de Deus. Ele convidará todos os irmãos que serviram a outras pessoas.
O primeiro Diácono do mundo será o último Juiz. E o julgamento d’Ele será sobre o serviço que tivermos prestado aos nossos irmãos. Ele chamará e congregará todos os Seus diáconos, dizendo: “Vinde benditos de meu Pai, recebei como herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo, porque tive fome e me destes de comer”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário